Eu sei, o título ficou enorme, mas tenho um bom motivo. Depois que tive o problema com o cast (ver post abaixo) lembrei das conversas que tivemos durante a Campus Party e de um dos assuntos que mais se repetiu.
O problema que estrangeiros não gostam de brasileiros.
Muitos dizem que é preconceito e em parte eu concordo. Ainda tem gente no mundo que acha que brasileiro é índio e vive no meio do mato fazendo escambo.
Infelizmente eu já vi também que nós brasileiros damos motivos. Talvez não você e eu, que nos orgulhamos de sermos bons jogadores, mas que existe, existe e quem joga qualquer MMORPG já topou com um deles.
Aquele pessoal que engana, mente, trapaceia, usa bot, etc...
Vou deixar aqui por escrito, pela primeira vez o que me aconteceu quando comecei a jogar Dofus, lá no Rosal, antes de vir pro Brasil.
Estava eu, totalmente newbie...
Pera. Antes de tudo...
Newbie = Pessoa que começou a jogar um MMORPG e ainda não sabe nada, ma tem vontade de aprender.
NOOB = Imbecil que não quer aprender e só pensa em se dar bem à custa dos outros ou que não tem maturidade o suficiente para não ser um completo idiota.
Voltando.
Estava eu, totalmente newbie no jogo, encantado em ver o lançamento mais recente, um lugar chamado Incarnam.
Vale ressaltar que não era meu primeiro MMORPG, mas é sempre legal conhecer um jogo.
Eu nunca coloco “BR” no nome, por que acho bobo. Como era um servidor internacional, eu só falava inglês e o parco espanhol que eu sei. Inicialmente fui aprender como se jogava e fazer loot. Obviamente não sabia as builds e meu Osamodas era um droga completa, mas achei o máximo quando pude invocar um goball.
Inicialmente fiquei amigo de um alemão, um japonês e um inglês. Só dois deles jogavam a mais de 3 meses. De qualquer forma a gente se conheceu fazendo trocas e o Alemão d euma forma mais esquisita. Ele me pediu pra segurar o Elmo de Goball dele enquanto ele logava em outra conta. Eu segurei, ele ficou feliz com minha honestidade e ficamos amigos.
Os outros foram sempre depois de uma troca ou venda de algo. Na época não tinha essa facilidade de trocar de profissões em incarnam e meu Osa fazendeiro, vendia trigo pra conseguir o que precisava.
Um dia vejo um cara comentando com o outro que estava difícil encontrar um brasileiro. Sim! Falavam em português. Obviamente ele tinha um “BR” no nome e eu acabei falando com essa pessoa. Na época eu estava “rico” (acho que tinha uns 25kk) e procurava um Elmo de Gobb. Esse brasileiro ficou feliz em me encontrar e conversamos. Ele já estava descendo de Incarnam e queria vender o elmo dele.
Logo com isso ele me passou também umas coisas que eu poderia vender e fazer uma grana. Fiquei super feliz. Um Elmo por um preço bom mais uns itens pra ganhar uns trocos.
Preciso explicar? O cara colocou o lixo na troca, tirou o Elmo, deu OK e quando vi, ele estava deslogado e com meu dinheiro e o Elmo....
Depois disso passei a desconfiar sempre e checar antes de dar OK. Obviamente, passei a evitar os “BR”
Nessa época conheci uns gringos gente boa. Eles tinham uma guilda engraçada chamada Flower Power e eu perguntei se era sobre o ICQ. Me contaram que sim, por que era um pessoa maior de idade e que só os mais velhos reconheceriam.
Não, não pedi guilda.
Mas passei a andar com eles por que fui convidado. Tudo nível 100+ e depois de um tempo eles me falaram que se eu conseguisse ficar 80+ podia ser chamado. Me empolguei e passei a andar com os caras. Eles me ensinaram muito do jogo e como ser bom jogador.
De tempos em tempos tirávamos sarro de brasileiros (que já estavam aparecendo de monte no jogo) e como eles eram sacais. Como nunca me perguntaram, nem lembrei de comentar que também era um “br”.
Algum tempo depois, ainda nível baixo eles resolveram me chamar. Disseram que iam me ajudar a upar, etc. E fizeram. Não duvidem. Fora que ganhei muitos itens para melhorar meu Osa Sapateiro.
Ah sim, eles me falaram de build e eu refiz o Osa com a ajuda deles.
O engraçado nesta história toda foi quando me perguntaram onde eu morava. Eu falei “São Paulo” e eles pensando em cidades na Espanha, Portugal, Itália... e eu expliquei que era a maior cidade do Brasil, apesar de não ser a capital.
Eles ficaram chocados. Falaram que jamais achariam que eu era brasileiro.
Sabem porque?
Por que, pra eles, brasileiros eram todos mentirosos, faltos, mendigos, traidores e cheaters.
Eu era confiável, honesto e gente boa!
Óbvio que fiquei meio mal com isso, mas eles me provaram. Meia hora andando por Astrub e muitos BRs sacaneando ou tirando sarro dos outros em português por que não podiam ser entendidos ou implorando dinheiro...
No fim, existiam 3 brasileiros em uma das maiores e mais fortes guildas do Rosal. Minha esposa (que fez o primeiríssimo contato com eles), eu e um cara que morava no nordeste, mas já nem lembro onde. Eu que apresentei a guilda depois de conhecer bem “in game”.
Ou seja, por que eu falei TUUUUUUDO isso?
Por que isso ainda ocorre. Ainda tem “BR” espertinho, enganador, mendigo, mentiroso, etc, etc, etc...
É uma questão nossa desfazer essa imagem ruim que construímos (ou seria destruímos?) e começar a ser honesto.
Se você não concorda comigo pense numa situação. Você precisa transferir um item, mas está meio sem grana. O que você faz?
A – Esmola por dinheiro.
B – Sai e bate em monstro para ganhar uma grana.
C – Pede para uma pessoa random segurar o item mais caro que você tem enquanto desloga um pouco.
No melhor dos casos acho que responderam “B”. Pelos meus passeios pelo Spíritia vejo muitos “A”, mas não imagino ninguém com o “C”.
“Ah cara, mas tem que ser muito burro de confiar em alguém que não se conhece”
Triste né? A gente aprende que confiar é burro...
Pense nisso quando for jogar.
